15 filmes marahenses no 37º Festival Guarnicê de Cinema

java redirecionamento

Tecnologia do Blogger.

15 filmes marahenses no 37º Festival Guarnicê de Cinema

Fazendo história no Guarnicê
Cineastas maranhenses mostram suas produções no Festival Guarnicê deste ano.

Ítalo Stauffenberg
Da equipe de O Estado do Maranhão 
20/07/2014 

 A produção audiovisual maranhense nunca esteve tão em alta! Só este ano, na 37ª edição do Festival Guarnicê de Cinema 15 filmes produzidos e dirigidos por profissionais locais foram selecionados para as mostras competitivas.

Participam este ano, na categoria Longas, os filmes O Exercício do Caos (MA), Triunfo (SP), Mataram meu Irmão (SP) e Escolha o Seu Caminho (MA). O Exercício do Caos é dirigido e roteirizado por Frederico Machado. Outra produção local é Escolha o Seu Caminho, ficção dirigida por Alcino Davenport e que aborda os conflitos de adolescentes com as drogas. A produção foi rodada na área Itaqui-Bacanga e o elenco é formado por moradores.

Nos curtas, 13 são maranhenses. Entre eles, os documentários A mão e fogo: Louça e subjetividade entre artesãs de Itamatatiua, de Raquel Gomes Noronha, Brincando na Floresta, de Giselle Bossard, O Dono da Capoeira, de Roberto Pereira e Xiri Meu eu não Dou - Patativa, de Tairo Lisboa.


No gênero ficção destacam-se Broders, de André Mathias, Passagem, de Arturo Saboia, O Despertar do Sísifo, de Rômulo Coimbra Moraes, Vontade, de Caio Carvalho, Acorda, de Leandro Guterres Ribeiro, Ruas, de Nayra Albuquerque, e A Carruagem de Donana, de Josüel Silva Muniz. Completando a lista de curtas, o gênero animação é representado por Ilhas Humanas, dirigido por Manlio Macchiavello e Upaon-Açu, Saint Louis, São Luís…, de Joaquim Haickel.

“Nunca na história do festival houve tanta participação maranhense na produção audiovisual. Isso é um marco para o Maranhão. Desde que a produção se barateou com o avanço digital muitos novos diretores foram surgindo e o resultado é este”, disse Gersino Santos, coordenador geral do Festival Guarnicê de Cinema.

Longas – O Exercício do Caos, de Frederico Machado, conta a história de uma família do interior do Maranhão que, refém da dificuldade financeira, vive sem perspectivas no interior do Maranhão. “O Exercício do Caos retrata a vida, a dor e a finitude de tudo. O filme não tem esperança, não tem liberdade. Os personagens estão ligados à religião cega, aos desejos carnais e à total ausência de civilidade e de liberdade. Nenhum personagem é julgado”, comenta Machado.

Sobre sua forma de fazer cinema, o diretor é enfático: “É cinema que faz pensar, que o espectador o guarda na mente e leva para casa para concluir a obra. É cinema moderno, que se importa muito com a sensibilidade, com proposta estética, com objetivo ético. Mas acima de tudo, tendo um sentido e sentimento artístico bem próprio e único”, analisa.

O Exercício do Caos já circulou por diversos festivais. Frederico espera que o primeiro prêmio que consagre o longa-metragem possa vir de sua terra natal, São Luís. “Aguardando ganhar o primeiro prêmio aqui, no Guarnicê, minha terra. É um filme difícil para ser premiado. Isso era esperado, Não é um cinema comum. É cinema pequeno, de guerrilha. Mas a crítica nacional e internacional abraçou o filme de uma forma tão gigantesca, que entramos na lista dos melhores filmes do ano em diversas listas. E circulou muito: salas de cinema, TVs do Brasil e do mundo, festivais nacionais e internacionais”.

O outro longa maranhense concorrente é Escolha o Seu Caminho, produzido por moradores do bairro do Anjo da Guarda. O filme conta a história de dois jovens que cresceram juntos, mas ambos seguiram caminhos diferentes na vida. A principal intenção do filme é combater o uso de drogas na região do Bacanga.

Dirigido e roteirizado pelo Alcino Davenport, o filme é fruto da coleta de entrevistas de usuários de drogas da área Itaqui-Bacanga e de presidiários da Penitenciária de Pedrinhas, que serviram de laboratório para a construção do roteiro do longa-metragem.

Curtas – O curta Passagem, dirigido por Arturo Saboia, retrata a vida de um garoto de seis anos, morador da zona rural de São Luís, que após ter contato com a leitura e a escrita se redescobre. O filme tem fotografia e edição de Manoel Pinheiro, trilha sonora de Ludovico. Miquéias Fabrício, Márcia de Aquino e Bárbara Fonseca fazem parte do elenco. “A alfabetização permite que as crianças, jovens e adultos aprendam a lidar melhor com seus sentimentos e exerçam um papel decisivo em seu lugar na sociedade. No filme, o universo do garotinho, desprovido de grandes condições ou oportunidades, encontra na descoberta das letras, o seu lugar no mundo. Esse ritual de passagem, de saber nominar as coisas à sua volta, traz uma sensação de dignidade muito maior para todos aqueles que têm a oportunidade desse acesso”, comenta Arturo Saboia.

Questionado sobre sua preocupação em destacar conflitos sociais por meio do cinema, o diretor conclui que o interesse surge em retratar a forma como seus personagens sobrevivem aos diversos fatores sociais. “Eu acredito que mais do que o conflito social, é o conflito interno dos personagens que procurei desenvolver nos trabalhos mais recentes. Seria mais a maneira como eles reagem internamente diante de uma conjuntura de fatores sociais e os caminhos que eles encontram a partir disso, para restabelecer um equilíbrio em suas vidas”, avalia.

Outro destaque é a animação Upaon-Açu, Saint Louis, São Luís…, dirigido por Joaquim Haickel, em parceria com a Dupla Criação e o Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão. “Conta a história da fundação de São Luís por um padre jesuíta 200 anos após a fundação pelos franceses. Ele mescla três pontos narrativos: a versão da fundação pelos índios, pelos franceses e pelos portugueses”, conta Haickel.

Estreante na produção audiovisual, Caio Carvalho dirigiu a ficção Vontade que traça a relação conjugal entre o Bem e o Mal que são aconselhados pelo Destino.

Vontade é estrelado por Nuno Lilah Lisboa (Bem/Mal) e Auro Juricê (Destino). Gravado em preto e branco, o curta tende a provocar a atenção do espectador já que, simbolicamente, o bem é retratado pela cor branca e o mal pelo preto. “Vontade fala de uma crise conjugal entre o Bem e o Mal. Depois que escrevi o conto percebi que há uma ligação entre o Yin-Yang, que afirma que há um pouco de mal no bem e pouco de bem no mal. É dessa forma que acontece no filme. Por mais que haja um conflito eles não conseguem se separar, pois um não consegue viver sem o outro”, comenta o diretor estreante.

Documentário - Do gênero documental, Xiri Meu eu não Dou- Patativa, de Tairo Lisboa, narra a história da personagem mais tradicional da cultura popular do bairro da Madre Deus, a dona Patativa. “O documentário inicia com o plano sequência dentro da Feira da Praia Grande, guiado por Patativa, que frequenta habitualmente esse espaço; nessa cena inicial, diversas situações inusitadas acontecem, mas mesmo assim o fluxo da cena segue e finaliza na Companhia Circense com uma grande surpresa (outro local habitualmente frequentado por ela). Na segunda parte do documentário entrevisto diversas personalidades do meio cultural da cidade, desde amigos, músicos e jornalistas. Patativa continua o dialogo com o publico, caminhando, falando e cantando pelos bairros da Madre Deus, Centro e Vila Embratel”, descreve o diretor.

0 comentários:

Postar um comentário

visualizações!