15 filmes marahenses no 37º Festival Guarnicê de Cinema
Fazendo história no Guarnicê
A produção audiovisual maranhense nunca esteve tão em alta! Só este ano, na 37ª edição do Festival Guarnicê de Cinema 15 filmes produzidos e dirigidos por profissionais locais foram selecionados para as mostras competitivas.
Participam este ano, na categoria Longas, os filmes O Exercício do Caos (MA), Triunfo (SP), Mataram meu Irmão (SP) e Escolha o Seu Caminho (MA). O Exercício do Caos é dirigido e roteirizado por Frederico Machado. Outra produção local é Escolha o Seu Caminho, ficção dirigida por Alcino Davenport e que aborda os conflitos de adolescentes com as drogas. A produção foi rodada na área Itaqui-Bacanga e o elenco é formado por moradores.
Nos curtas, 13 são maranhenses. Entre eles, os documentários A mão e fogo: Louça e subjetividade entre artesãs de Itamatatiua, de Raquel Gomes Noronha, Brincando na Floresta, de Giselle Bossard, O Dono da Capoeira, de Roberto Pereira e Xiri Meu eu não Dou - Patativa, de Tairo Lisboa.
No gênero ficção destacam-se Broders, de André Mathias, Passagem, de Arturo Saboia, O Despertar do Sísifo, de Rômulo Coimbra Moraes, Vontade, de Caio Carvalho, Acorda, de Leandro Guterres Ribeiro, Ruas, de Nayra Albuquerque, e A Carruagem de Donana, de Josüel Silva Muniz. Completando a lista de curtas, o gênero animação é representado por Ilhas Humanas, dirigido por Manlio Macchiavello e Upaon-Açu, Saint Louis, São Luís…, de Joaquim Haickel.
“Nunca na história do festival houve tanta participação maranhense na produção audiovisual. Isso é um marco para o Maranhão. Desde que a produção se barateou com o avanço digital muitos novos diretores foram surgindo e o resultado é este”, disse Gersino Santos, coordenador geral do Festival Guarnicê de Cinema.
Longas – O Exercício do Caos, de Frederico Machado, conta a história de uma família do interior do Maranhão que, refém da dificuldade financeira, vive sem perspectivas no interior do Maranhão. “O Exercício do Caos retrata a vida, a dor e a finitude de tudo. O filme não tem esperança, não tem liberdade. Os personagens estão ligados à religião cega, aos desejos carnais e à total ausência de civilidade e de liberdade. Nenhum personagem é julgado”, comenta Machado.
Sobre sua forma de fazer cinema, o diretor é enfático: “É cinema que faz pensar, que o espectador o guarda na mente e leva para casa para concluir a obra. É cinema moderno, que se importa muito com a sensibilidade, com proposta estética, com objetivo ético. Mas acima de tudo, tendo um sentido e sentimento artístico bem próprio e único”, analisa.
O Exercício do Caos já circulou por diversos festivais. Frederico espera que o primeiro prêmio que consagre o longa-metragem possa vir de sua terra natal, São Luís. “Aguardando ganhar o primeiro prêmio aqui, no Guarnicê, minha terra. É um filme difícil para ser premiado. Isso era esperado, Não é um cinema comum. É cinema pequeno, de guerrilha. Mas a crítica nacional e internacional abraçou o filme de uma forma tão gigantesca, que entramos na lista dos melhores filmes do ano em diversas listas. E circulou muito: salas de cinema, TVs do Brasil e do mundo, festivais nacionais e internacionais”.
O outro longa maranhense concorrente é Escolha o Seu Caminho, produzido por moradores do bairro do Anjo da Guarda. O filme conta a história de dois jovens que cresceram juntos, mas ambos seguiram caminhos diferentes na vida. A principal intenção do filme é combater o uso de drogas na região do Bacanga.
Dirigido e roteirizado pelo Alcino Davenport, o filme é fruto da coleta de entrevistas de usuários de drogas da área Itaqui-Bacanga e de presidiários da Penitenciária de Pedrinhas, que serviram de laboratório para a construção do roteiro do longa-metragem.
Curtas – O curta Passagem, dirigido por Arturo Saboia, retrata a vida de um garoto de seis anos, morador da zona rural de São Luís, que após ter contato com a leitura e a escrita se redescobre. O filme tem fotografia e edição de Manoel Pinheiro, trilha sonora de Ludovico. Miquéias Fabrício, Márcia de Aquino e Bárbara Fonseca fazem parte do elenco. “A alfabetização permite que as crianças, jovens e adultos aprendam a lidar melhor com seus sentimentos e exerçam um papel decisivo em seu lugar na sociedade. No filme, o universo do garotinho, desprovido de grandes condições ou oportunidades, encontra na descoberta das letras, o seu lugar no mundo. Esse ritual de passagem, de saber nominar as coisas à sua volta, traz uma sensação de dignidade muito maior para todos aqueles que têm a oportunidade desse acesso”, comenta Arturo Saboia.
Questionado sobre sua preocupação em destacar conflitos sociais por meio do cinema, o diretor conclui que o interesse surge em retratar a forma como seus personagens sobrevivem aos diversos fatores sociais. “Eu acredito que mais do que o conflito social, é o conflito interno dos personagens que procurei desenvolver nos trabalhos mais recentes. Seria mais a maneira como eles reagem internamente diante de uma conjuntura de fatores sociais e os caminhos que eles encontram a partir disso, para restabelecer um equilíbrio em suas vidas”, avalia.
Outro destaque é a animação Upaon-Açu, Saint Louis, São Luís…, dirigido por Joaquim Haickel, em parceria com a Dupla Criação e o Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão. “Conta a história da fundação de São Luís por um padre jesuíta 200 anos após a fundação pelos franceses. Ele mescla três pontos narrativos: a versão da fundação pelos índios, pelos franceses e pelos portugueses”, conta Haickel.
Estreante na produção audiovisual, Caio Carvalho dirigiu a ficção Vontade que traça a relação conjugal entre o Bem e o Mal que são aconselhados pelo Destino.
Vontade é estrelado por Nuno Lilah Lisboa (Bem/Mal) e Auro Juricê (Destino). Gravado em preto e branco, o curta tende a provocar a atenção do espectador já que, simbolicamente, o bem é retratado pela cor branca e o mal pelo preto. “Vontade fala de uma crise conjugal entre o Bem e o Mal. Depois que escrevi o conto percebi que há uma ligação entre o Yin-Yang, que afirma que há um pouco de mal no bem e pouco de bem no mal. É dessa forma que acontece no filme. Por mais que haja um conflito eles não conseguem se separar, pois um não consegue viver sem o outro”, comenta o diretor estreante.
Documentário - Do gênero documental, Xiri Meu eu não Dou- Patativa, de Tairo Lisboa, narra a história da personagem mais tradicional da cultura popular do bairro da Madre Deus, a dona Patativa. “O documentário inicia com o plano sequência dentro da Feira da Praia Grande, guiado por Patativa, que frequenta habitualmente esse espaço; nessa cena inicial, diversas situações inusitadas acontecem, mas mesmo assim o fluxo da cena segue e finaliza na Companhia Circense com uma grande surpresa (outro local habitualmente frequentado por ela). Na segunda parte do documentário entrevisto diversas personalidades do meio cultural da cidade, desde amigos, músicos e jornalistas. Patativa continua o dialogo com o publico, caminhando, falando e cantando pelos bairros da Madre Deus, Centro e Vila Embratel”, descreve o diretor.
Cineastas maranhenses mostram suas produções no Festival Guarnicê deste ano.
Ítalo Stauffenberg
Da equipe de O Estado do Maranhão
Da equipe de O Estado do Maranhão
20/07/2014
Participam este ano, na categoria Longas, os filmes O Exercício do Caos (MA), Triunfo (SP), Mataram meu Irmão (SP) e Escolha o Seu Caminho (MA). O Exercício do Caos é dirigido e roteirizado por Frederico Machado. Outra produção local é Escolha o Seu Caminho, ficção dirigida por Alcino Davenport e que aborda os conflitos de adolescentes com as drogas. A produção foi rodada na área Itaqui-Bacanga e o elenco é formado por moradores.
Nos curtas, 13 são maranhenses. Entre eles, os documentários A mão e fogo: Louça e subjetividade entre artesãs de Itamatatiua, de Raquel Gomes Noronha, Brincando na Floresta, de Giselle Bossard, O Dono da Capoeira, de Roberto Pereira e Xiri Meu eu não Dou - Patativa, de Tairo Lisboa.
No gênero ficção destacam-se Broders, de André Mathias, Passagem, de Arturo Saboia, O Despertar do Sísifo, de Rômulo Coimbra Moraes, Vontade, de Caio Carvalho, Acorda, de Leandro Guterres Ribeiro, Ruas, de Nayra Albuquerque, e A Carruagem de Donana, de Josüel Silva Muniz. Completando a lista de curtas, o gênero animação é representado por Ilhas Humanas, dirigido por Manlio Macchiavello e Upaon-Açu, Saint Louis, São Luís…, de Joaquim Haickel.
“Nunca na história do festival houve tanta participação maranhense na produção audiovisual. Isso é um marco para o Maranhão. Desde que a produção se barateou com o avanço digital muitos novos diretores foram surgindo e o resultado é este”, disse Gersino Santos, coordenador geral do Festival Guarnicê de Cinema.
Longas – O Exercício do Caos, de Frederico Machado, conta a história de uma família do interior do Maranhão que, refém da dificuldade financeira, vive sem perspectivas no interior do Maranhão. “O Exercício do Caos retrata a vida, a dor e a finitude de tudo. O filme não tem esperança, não tem liberdade. Os personagens estão ligados à religião cega, aos desejos carnais e à total ausência de civilidade e de liberdade. Nenhum personagem é julgado”, comenta Machado.
Sobre sua forma de fazer cinema, o diretor é enfático: “É cinema que faz pensar, que o espectador o guarda na mente e leva para casa para concluir a obra. É cinema moderno, que se importa muito com a sensibilidade, com proposta estética, com objetivo ético. Mas acima de tudo, tendo um sentido e sentimento artístico bem próprio e único”, analisa.
O Exercício do Caos já circulou por diversos festivais. Frederico espera que o primeiro prêmio que consagre o longa-metragem possa vir de sua terra natal, São Luís. “Aguardando ganhar o primeiro prêmio aqui, no Guarnicê, minha terra. É um filme difícil para ser premiado. Isso era esperado, Não é um cinema comum. É cinema pequeno, de guerrilha. Mas a crítica nacional e internacional abraçou o filme de uma forma tão gigantesca, que entramos na lista dos melhores filmes do ano em diversas listas. E circulou muito: salas de cinema, TVs do Brasil e do mundo, festivais nacionais e internacionais”.
O outro longa maranhense concorrente é Escolha o Seu Caminho, produzido por moradores do bairro do Anjo da Guarda. O filme conta a história de dois jovens que cresceram juntos, mas ambos seguiram caminhos diferentes na vida. A principal intenção do filme é combater o uso de drogas na região do Bacanga.
Dirigido e roteirizado pelo Alcino Davenport, o filme é fruto da coleta de entrevistas de usuários de drogas da área Itaqui-Bacanga e de presidiários da Penitenciária de Pedrinhas, que serviram de laboratório para a construção do roteiro do longa-metragem.
Curtas – O curta Passagem, dirigido por Arturo Saboia, retrata a vida de um garoto de seis anos, morador da zona rural de São Luís, que após ter contato com a leitura e a escrita se redescobre. O filme tem fotografia e edição de Manoel Pinheiro, trilha sonora de Ludovico. Miquéias Fabrício, Márcia de Aquino e Bárbara Fonseca fazem parte do elenco. “A alfabetização permite que as crianças, jovens e adultos aprendam a lidar melhor com seus sentimentos e exerçam um papel decisivo em seu lugar na sociedade. No filme, o universo do garotinho, desprovido de grandes condições ou oportunidades, encontra na descoberta das letras, o seu lugar no mundo. Esse ritual de passagem, de saber nominar as coisas à sua volta, traz uma sensação de dignidade muito maior para todos aqueles que têm a oportunidade desse acesso”, comenta Arturo Saboia.
Questionado sobre sua preocupação em destacar conflitos sociais por meio do cinema, o diretor conclui que o interesse surge em retratar a forma como seus personagens sobrevivem aos diversos fatores sociais. “Eu acredito que mais do que o conflito social, é o conflito interno dos personagens que procurei desenvolver nos trabalhos mais recentes. Seria mais a maneira como eles reagem internamente diante de uma conjuntura de fatores sociais e os caminhos que eles encontram a partir disso, para restabelecer um equilíbrio em suas vidas”, avalia.
Outro destaque é a animação Upaon-Açu, Saint Louis, São Luís…, dirigido por Joaquim Haickel, em parceria com a Dupla Criação e o Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão. “Conta a história da fundação de São Luís por um padre jesuíta 200 anos após a fundação pelos franceses. Ele mescla três pontos narrativos: a versão da fundação pelos índios, pelos franceses e pelos portugueses”, conta Haickel.
Estreante na produção audiovisual, Caio Carvalho dirigiu a ficção Vontade que traça a relação conjugal entre o Bem e o Mal que são aconselhados pelo Destino.
Vontade é estrelado por Nuno Lilah Lisboa (Bem/Mal) e Auro Juricê (Destino). Gravado em preto e branco, o curta tende a provocar a atenção do espectador já que, simbolicamente, o bem é retratado pela cor branca e o mal pelo preto. “Vontade fala de uma crise conjugal entre o Bem e o Mal. Depois que escrevi o conto percebi que há uma ligação entre o Yin-Yang, que afirma que há um pouco de mal no bem e pouco de bem no mal. É dessa forma que acontece no filme. Por mais que haja um conflito eles não conseguem se separar, pois um não consegue viver sem o outro”, comenta o diretor estreante.
Documentário - Do gênero documental, Xiri Meu eu não Dou- Patativa, de Tairo Lisboa, narra a história da personagem mais tradicional da cultura popular do bairro da Madre Deus, a dona Patativa. “O documentário inicia com o plano sequência dentro da Feira da Praia Grande, guiado por Patativa, que frequenta habitualmente esse espaço; nessa cena inicial, diversas situações inusitadas acontecem, mas mesmo assim o fluxo da cena segue e finaliza na Companhia Circense com uma grande surpresa (outro local habitualmente frequentado por ela). Na segunda parte do documentário entrevisto diversas personalidades do meio cultural da cidade, desde amigos, músicos e jornalistas. Patativa continua o dialogo com o publico, caminhando, falando e cantando pelos bairros da Madre Deus, Centro e Vila Embratel”, descreve o diretor.
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