Tapecaria de Fransoufer na Galeria Trapiche
Ao enveredar por outros caminhos artísticos, Fransoufer abre hoje, às 19h, exposição Teias de Bequimão: vidas pó um fio, na Galeria Trapiche.
Caderno Alternativo - Jornal O Estado do Maranhão

O artista plástico Fransoufer retorna as suas raízes e hoje, às 19h, na Galeria Trapiche Santo Ângelo (Centro Histórico), fará a abertura da exposição intitulada Teias de Bequimão: vidas pó um fio. A mostra permanecerá disponível ao público durante 10 dias. São 30 tapetes para se pendurar em parede e produzidos em tecido com fios de lã. A técnica usada por ele é o ponto de cruz. Os trabalhos foram confeccionados com a ajuda de aprendizes orientados por ele.
A ideia da exposição surgiu depois que Fransoufer iniciou uma oficina com filhos e filhas de roceiros da cidade de Bequimão sobre a técnica, o que resultou em 15 telas. A arte da tecelagem revelou-se importante na recuperação de um parente do artista que era usuário de drogas.
Dessa maneira, ele passou a ajudar diversos jovens drogados e daí surgiu o tema escolhido: Teias de Bequimão: vidas pó um fio. Parte da renda obtida com a venda das obras será empregada na continuidade do projeto das oficinas de tecelagem direcionadas à comunidade carente de Bequimão. Os tapetes têm tamanhos que variam de 60cm x 40cm a 1m60 x 1m40.

A vontade de Fransoufer de revisitar a tapeçaria se reacendeu em 1995, quando ele esteve no museu de Bayeux, na França, e se deparou com o trabalho, em tapeçaria, da Rainha Matilde, bordado no século XI: uma peça de alto valor histórico. Na tapeçaria, Matilde borda, em imagens satíricas, a batalha de Hastings, que fez seu marido Guilherme, O Conquistador, Rei da Inglaterra. A obra foi feita em “ponto corrido”, conhecido também como “ponto de Bayeux” ou “ponto normando”.
No retorno ao Brasil, surgiu a ideia de tecer tapetes e as primeiras oficinas foram realizadas na comunidade do bairro Novo Angelim, em São Luís, nas quais o tema foi a cultura popular maranhense. Uma exposição foi apresentada no Shopping São Luís. Depois, a mesma exposição foi para a Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Em seguida, uma nova oficina foi comandada no Centro das Câmaras, em Bequimão, tendo como temas a fauna e a flora local.
Tecelão – O artista plástico Fransoufer considera-se um tecelão nato, pois aprendeu essa arte ainda na infância, na época em que morava no município de Bequimão, com o auxílio do pai. O menino tecia canastras, cofos, socós e outros objetos artesanais. No entanto, o que ele mais gostava era de tecer redes de dormir, pois participava de todo o processo.
Como o pai tinha roça de algodão, Fransoufer ajudava na colheita, descapuchava, descaroçava, tecia os fios no fuso e tingia com cascas de árvores cozidas no caldeirão. Tirava, por exemplo, o preto do jenipapo, o roxo da casca de mangue e o vermelho do pau de leite. Depois, estendia os fios tingidos no tear de madeira. A mãe vendia as redes para comerciantes da capital. “Foi assim que a minha mãe e o meu pai sustentavam a nossa família”, contou Fransoufer.
Os desenhos das redes eram figuras geométricas, geralmente quadrados. Depois que o artista mudou-se para São Luís, no final da década de 1960, a arte da tecelagem deu lugar à da pintura e à da escultura. “Mas eu me considero um tecelão nato”, afirmou. Em seu duplo ofício de pintor e tapeceiro, Fransoufer não define padrões na hora de criar. Ele desenha diretamente na tela os motivos de suas tapeçarias. Os materiais são os mais variados e incluem lã, algodão, fios acrílicos, metálicos e ráfia. Os desenhos são ao mesmo tempo fortes e delicados.
Serviço
• O quê
Exposição Teias de Bequimão: vidas pó um fio, de Fransoufer
• Quando
Abertura hoje, às 19h
• Onde
Galeria Trapiche Santo
Ângelo (Centro Histórico)
Os valores das obras variam de R$ 250,00 a R$ 1.800,00
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