Eficaz contra o câncer de próstata
ADRIANO MARTINS COSTA/O ESTADO - Fruta
típica regional que ganhou adeptos no mundo fitness é alvo de pesquisa na UFMA
e se mostra promissora contra a doença
Professora Maria do Desterro Nascimento, que lidera grupo de pesquisadores da UFMA
A juçara
é o fruto da moda. Ela está presente nas dietas especializadas, nas academias e
nas praças de alimentação dos shoppings centers. O fruto típico da região, que
em outras plagas recebe o pitoresco nome de açaí, é apreciado há vários e
vários anos no Maranhão. Quem nunca tomou uma tigela cheia, com farinha amarela
e camarão? Pois, há quase 10 anos, em 2007, um grupo de pesquisadores da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), liderado pela professora Maria do
Desterro Nascimento, doutora em medicina, acreditou que o pequeno caroço preto
recoberto de polpa poderia ser bem mais que um alimento e teria a capacidade de
salvar vidas e curar tumores. A pesquisa rendeu e em abril foi reconhecida como
uma iniciativa promissora no combate ao câncer de próstata, tendo recebido o
Prêmio Dr. Hélio Mendes de Incentivo à Pesquisa em Oncologia.
De acordo
com Marcos Antonio Custódio Silva, bolsista de iniciação científica do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro do grupo,
a pesquisa foi iniciada a partir da tese de doutorado da professora Dulcelena
Ferreira da Silva, do Departamento de Morfologia da UFMA. Em seu trabalho, ela
avaliou o potencial efeito citotóxico da juçara, de nome científico Euterpe
oleracea Mart, em células do câncer de mama e de câncer colo-retal. O grupo,
então resolveu ampliar a pesquisa para o câncer de próstata, descobrindo que os
extratos obtidos do fruto tem um enorme potencial para matar as células
cancerígenas.
Mesmo com
essa vitória, o trabalho prossegue. O objetivo agora é descobrir qual parte do
fruto tem o maior potencial citotóxico, já que eles aproveitam todo o material
colhido, incluindo os caroços. E mesmo que ainda demore mais alguns anos para
que um medicamento realmente surja das pesquisas, uma patente já foi registrada
contendo todos os detalhes do trabalho. "O objetivo não é substituir as
terapias já existentes, como quimioterapia ou radioterapia, mas que seja um
tratamento complementar a essas modalidades já estabelecidas", destaca o
aluno.
Reconhecimento
A
professora Maria do Desterro afirma que a pesquisa começou com um pensamento:
encontrar um fruto já estabelecido em comunidades locais para estimular tanto o
lado econômico quanto o social da cidade. "Nós começamos a ler os artigos
que estavam à disposição no mundo e verificamos que o nosso fruto escolhido era
a juçara, porque ela é rica em flavonóides, que são os compostos existentes nos
frutos vermelhos. E a população já utiliza a juçara há muitos anos. Ela é bem
recebida e até festejada", destaca a doutora.
O
trabalho também é pioneiro na literatura médica. Até o momento, as pesquisas
que envolveram o fruto da juçara dizem respeito a doenças cardiovasculares e de
pulmão, sendo esta a primeira vez que alguém comprova o efeito do fruto em
matar células de câncer de próstata.
E mesmo
já tendo tanto tempo de pesquisa, tudo ainda está no começo. Essa é só a primeira
fase do projeto, que já teve artigos publicados em revistas de medicina de todo
o mundo é está sendo bastante aceito pelos especialistas em oncologia. O ponto
alto do reconhecimento é o Prêmio Dr. Hélio Mendes, que tem objetivo de
incentivar a pesquisa científica em oncologia no Maranhão e foi concedido no II
Congresso de Oncologia do Hospital São Domingos, ocorrido entre os dias 13 a 15
de abril deste ano.
"É
bom para nós ter um trabalho reconhecido. Uma pesquisa que nós começamos aqui,
que utiliza um fruto existente na nossa região. É um estímulo para que
continuemos a pesquisar os efeitos nessas células e quem sabe contribuir para a
atenção oncológica no e estado", resume Marcos Silva.
A juçara é rica em flavonóides, que são
os compostos existentes nos frutos vermelhos. E a população já a utiliza há
muitos anos. Ela é bem recebida e até festejadaProfessora Maria do Desterro
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